Eu sempre achei que as nossas cabeças estão cheias de gavetas e que é nossa obrigação arrumá-las. Mas assim como raramente arrumamos as gavetas das nossas casas, é bem difícil, também, arrumar as nossas gavetas mentais. Quero crer que a gaveta das emoções é a mais desarrumada de todas. Tudo está jogado lá sem a menor tentativa de organização. Nela são jogados os nossos melhores sentimentos, os piores, amores velhos, amores novos, amores eternos, desamores e o pior é que raramente passamos por aquela gaveta para dar uma arrumadinha, e toma que se enfia coisas e mais coisas na pobre coitada. Pior é quando a gaveta fica cheia e começa a não caber mais nada. Gaveta cheia é que nem saco cheio, não há o que esvazie. A gaveta familiar é outra gaveta - bem - desarrumada. Há quem consiga mantê-la mais ou menos arrumada, porém tem que se passar por lá todos os dias para organizar, senão a gaveta explode. A gaveta profissional então, nem se fala, você enfia uma coisa na gaveta mas gostaria de ter enfiado tantas outras... Vez ou outra, depois de se passar muitas vezes em frente a ela e olhá-la com muito cuidado, temor e desconfiança, você joga fora tudo que está dentro dela e acha uma nova gaveta e começa a enfiar nela, de novo, um monte de coisas que você não queria. A gaveta sexual é outra gaveta bagunçada. Por mais que você tenha dentro da sua gaveta coisas que você estima e cuida com tanto carinho, ninguém resiste dar uma cobiçadinha na gaveta do vizinho. Gaveta que não é sua dá uma curiosidade... deve ter muita coisa boa lá dentro, que você nem sabe se é boa, mas que dá uma curiosidade!!!.. Bom, se você achou que eu tinha a receita para arrumar gavetas, se enganou. Tanto as gavetas dos meus armários quanto as minhas gavetas mentais são totalmente desorganizadas.