Não estamos todos nós, sempre, à procura de alguma coisa que nos falta, mas não sabemos bem o que é? Alguém sabe exatamente o que procura? Há quem procure pela felicidade, mas o que é ser feliz? E quando você consegue algo que te faz feliz, você fica feliz por quanto tempo? Há quem procure por um amor. E quando você deixa escapar milhares de amores sem ter tido a percepção que ele já tinha chegado? Há quem procure pela paz incessantemente e em todos os lugares. E se você começasse a procura dentro de si mesmo? Será que esse não é o caminho da paz? Há quem procure colocar toda a sua felicidade e a sua infelicidade, também, nas mãos de outra pessoa. Será que não seria esse o caminho certo para mais e maiores tormentos? Há aqueles que se atormentam por não ter um bom tormento e seguem buscando sempre um novo para colocar irremediavelmente em suas vidas. A vida é feita de tormentos de diferentes tamanhos, formas e cores. Tenho cá comigo que almas precisam sentir-se atormentadas para sentirem-se vivas.
Um comentário:
A identificação com o sofrimento do corpo, com o dual, assim como achar que almas precisam de tormento para se sentirem vivas é a mesma coisa, o mesmo erro que a humanidade tem repetido ad-eternum.
A lembrança de desejos insatisfeitos no passado aprisiona energia que se manifesta como uma pessoa. Quando sua carga se esgota, a pessoa morre.
Desejos insatisfeitos são levados para o novo nascimento.
Auto-identificação com o corpo cria desejos sempre renovados e não há fim para eles a menos que se enxergue com clareza esse mecanismo de escravidão.
É a claridade que é a liberação, pois você não pode abandonar o desejo até que suas causas e efeitos sejam claramente vistos. Não digo que a mesma pessoa é que renasce.
Ela morre e morre para sempre. Mas suas memórias permanecem assim como seus desejos e medos. Eles fornecem a energia para uma nova pessoa.
Já a auto-estima resulta da relação do indivíduo com seu próprio eu. Às vezes é alta, outras vezes é baixa. O ego, que mantém o sentido de separação, faz comparações constantemente e disso surge esse relacionamento. A mente desenvolvida e o incessante fluxo de pensamentos fazem com que a vida da pessoa se torne um eterno contentamento-descontentamento consigo própria ao estar sempre se comparando ou tentando corresponder a essa imagem que sua mente criou.
Verdade e felicidade devem ser vistos no Presente, não no futuro, bem no começo de sua busca, não no fim, mas aqui e agora. Isso não é uma questão de tempo. Isto é porque o tempo é um truque que a mente prega nela mesma;
porque o passado, o presente e o futuro estão todos enrolados num eterno AGORA; porque o que é para acontecer já aconteceu.
Se a realização não é eterna não vale a pena tê-la. Portanto, o que você busca não é aquilo que acontece como novo. Ela é apenas aquilo que é eterno, mas não conhecida, por causa da obstrução.
Remova a obstrução. O que é eterno não é conhecido assim por causa da ignorância. Ignorância é a obstrução. Ultrapasse a ignorância e tudo ficará bem.
A ignorância é idêntica ao 'eu-pensamento'. Descubra sua fonte e ela se desvanecerá. Então apenas o Eu brilhará como sempre fez, no silêncio do ser.
Alê
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