Ex é um prefixo que significa movimento para fora, separação. Alguém que foi, ou lugar ou posto que ocupou. Ex é também a mesma coisa que des. Então falemos dos desmaridos, desamigos, desnamorados, deschefes, desempregos e desafetos. Por que as pessoas têm tanta dificuldade de deixar passar qualquer tipo de ex situação? Seria apego? Insegurança? Medo do novo que virá, ou que não virá? Algumas pessoas passam anos, às vezes décadas, para deixar passar uma ex situação. O que realmente é uma grande perda de tempo, tendo em vista que já temos pouco tempo para viver o presente, que dirá perder tempo com o passado. Se a vida fosse um guarda-roupa, você teria que, de quando em quando, limpar o guarda-roupa e jogar fora as coisas que você não usa mais. Por que, então, ocupar nossos guarda-roupas com coisas que não usamos e não queremos mais? Ou até mesmo, deixar no nosso guarda-roupa algo que, visivelmente, está querendo pular para fora dele? Conheço pessoas cujo namoro ou casamento só dá certo depois que a outra parte vira ex. Conheço pessoas que assumiram um descasamento e vivem felizes, até que encontram o desmarido ou a desesposa com outra ou outro e ai a vida vira um inferno. Por que não queremos alguma coisa, mas também queremos que ninguém queira aquilo que não queremos? Será que chegamos a tal nível de confusão mental, que fica díficil fazer as escolhas certas e não sustentar os resultados incertos? Doe para o cosmo tudo aquilo que não te faz bem. Coisas velhas, coisas novas que você não quer mais, relacionamentos velhos, atitudes velhas, sentimentos amargos, amigos ultrapassados. Limpe o seu guarda-roupa. Enquanto não se desocupar o passado, não haverá lugar para guardar as coisas do presente e, principalmente, os presentes do futuro.
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27 de jul. de 2008
19 de jul. de 2008
Radares, bafômetros, relógios e happy hours
Quando foi que perdemos o totalmente o rumo e começamos ser controlados por tudo e por todos? Hoje, todos sabem o que todos estão fazendo onde, e em que velocidade. Controlam-se nossos passos, nossos caminhos, nossos rumos e nossas velocidades. Você acorda e já está sendo causticantemente controlado pelo relógio. Desse momento em diante, você terá seus passos rigidamente observados. Você sai de casa, e passa a ser controlado pelos radares, que estão meticulosa e estrategicamente organizados para que você fique entre o desespero de chegar em tempo e não ter tempo para chegar. Chegando ao trabalho, você olha a sua agenda do dia e percebe que cada minuto está tomado por um compromisso, ou dois, porque otimistas que somos, achamos que podemos fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Centenas de olhos sabem a que horas você chegou ao trabalho, pois uma lista de pessoas alfabeticamente empilhadas está bem ali olhando para você. Obviamente, olhos atentos saberão também o horário que você desligou a coisa toda e se mandou do trabalho. E depois de uma semana inteira, com um monte de coisas controlando você e você se descontrolando sobre um monte de coisas, chega finalmente o tão esperado, almejado e desejado final de semana. Momento de relaxar, curtir e desanuviar. Ai, otimistas que somos, achamos que podemos sair para jantar com amigos, tomar um bom vinho, fazer churrascos regados a muita cerveja e nos sentarmos tranquilamente em um bar para jogar conversa fora. Nesse momento, quando tudo estava tão magnificamente planejado, nos lembramos dos bafômetros, que estão à nossa espreita, a qualquer hora do dia ou da noite, para nos surpreender naquilo que um dia tivemos a ousadia de chamar de happy hour.
9 de jul. de 2008
A espera
É muito chato esperar elevador lá embaixo. Mais chato ainda é ter que esperar o elevador subir até onde ele tem que nos levar. Não se tem muito a ser feito quando se está subindo ou descendo de elevador. Esse momento dentro do elevador é curto demais para se fazer alguma coisa e longo demais para não se fazer nada. Caso haja espelho, você se arruma. Se estiver acompanhado, uma olhadinha básica para o outro, esperando que ele não perceba. Se estiver sozinho, arrisca olhar uma espinha, um pêlo desarrumado ou mesmo uma coçadinha discreta em algum lugar secreto. Se estiver acompanhado, e olhar no espelho, corre-se o risco de encontrar o outro também te encarando pelo espelho e ai fica tudo mais constrangedor ainda. Alguns arriscam um papo. Um papo furado, claro, porque não se tem nada muito profundo para ser falado a um desconhecido nesses infindáveis minutos. Alguns olham para os pés, outros para as unhas, outros para a chave. Muito provavelmente todos olharão para o contador de andares. Hoje temos um companheiro para todas as horas que é o nosso celular. Nada mais oportuno que ler as mensagens do celular quando estamos no elevador. Eu, particularmente, acho a distância entre o térreo e o meu andar infinitamente longa. Outro dia resolvi pegar o meu companheiro de todas as horas e cronometrar a distância que eu considero infindavel. Não é que deu apenas alguns míseros segundos?
6 de jul. de 2008
Que porre
Passados 89 anos da Lei Seca americana, que foi um dos maiores fracassos legislativos de todos os tempos, o governo brasileiro teve mais uma idéia brilhante a aprovou a Lei Seca tupiniquin. Os caras mais sem-vergonha, larápios, mulherengos, mau-caráter e sem escrupúlos acham que vão consertar o Brasil com essa nova lei que está se mostrando totalmente inconstitucional, já que ninguém é obrigado a gerar provas conta si. Não se pode tratar o indivíduo que consumiu um copo de cerveja como um indivíduo que consumiu uma caixa. A lei pode até ser de interesse público e estar tentando aplacar a violência no trânsito, porém não se pode cerciar a liberdade dos indivíduos apenas com a idéia de um perigo abstrato, ou seja, qualquer pessoa, que ingerir qualquer quantidade de álcool pode causar um acidente. Por que será que na impossibilidade de fazer coisas que precisam ser realmente feitas, o governo acho que o caminho da inconstitucionalidade é sempre um caminho. Essa lei não vai durar. Ela tem que ser revista e readequada, para que nós, pobres brasileiros, não nos sintamos mais uma vez, vilipendiados por esse governo medíocre. Pelo meu direito a uma taça de Barolo Parej no jantar, eu peço a inconstitucionalidade dessa lei.
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