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18 de out. de 2009
Rocambole tem gosto de mãe
Mas só aquele que é feito goiabada. Pois é, tenho a impressão que cada um tem seu gosto particular associado ao gosto de mãe. O meu gosto de mãe tem gosto de rocambole. Aquele que ela enrolava no guardanapo, com muito açúcar e com aquele pano de prato molhadinho, para não quebrar a massa, incrivelmente fina e delicada. É incrível como algumas coisas estão bem à altura dos nossos olhos, quando somos crianças. Embora a gente seja pequeno e só consiga ter a visão do mundo a uma certa altura, o mundo da pia e da mesa da cozinha da casa da gente passa bem em frente aos nossos olhos, por um bom tempo, durante a nossa infância. Parece que a coisa foi feita propositadamente para ser assim. A mesa da cozinha é mágica. A gente passa por ela e acredita que ali tem tudo que a gente vai precisar para ser feliz, até o último dos nossos dias. É claro, que com o passar do tempo, a gente percebe que não é bem assim. Quantas e quantas vezes, enquanto minha mãe preparava algum prato especial, eu não roubei, sorrateiramente, o saquinho de chocolate granulado e fiz um lindo caminho em cima da mesa, para depois perseguí-lo com a língua, sem me importar com limpeza, germes, ou qualquer outro resíduo que pudesse ir língua abaixo. A melhor coisa da vida, e me corrija quem achar que eu estou errada, é a possibilide de, quando se é criança, curtir tudo com excitação, diversão, leveza e sem se importar, absolutamente, com qualquer consequência. Mesmo que esse tudo seja somente um lindo caminho de chocolate granulado.
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