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20 de ago. de 2013

Jeans? Agora eu amo...



Ainda bem que as pessoas mudam de opinião. Eu mudei... aleluia. Sempre fui de opiniões muito arraigadas. Do que eu não gostava ontem, provavelmente  não gostaria hoje e muito menos amanhã.   Olhando uns posts antigos do meu blog encontrei um que se chama "Eu odeio jeans", de 2008. Hoje, 2013, eu amo jeans. Está certo que demorou 5 anos para que a mudança se processasse. Bastante, né...? Eu poderia nem estar viva para comemorar com um aleluia bem alto essa intensa transformação. Mas estou, viva, bem viva.. e curtindo jeans. Está certo que sou chatinha com a escolha e gosto de bem poucos, mas dos poucos eu gosto muito. Os rasgados são os que eu, especialmente, gosto. Mais difíceis de achar e deve ser por isso que eu gosto. Como uma boa aquariana, eu gosto de desafios. Posso passar dias procurando uma meia fina com risca atras, só de marra, porque é difícil de achar e ninguém está mais usando. Ou um tipo de salto que naquela estação não existe mais, ou uma cor específica em uma estação onde não se achará uma peça daquela cor. Uma peça com ombreira, quando ombreiras já caíram de moda há séculos. Um roupa lisa em tempos de estampado. Um estampado geométrico quando a moda são os florais.  Uma calça larga em tempos de calças justas, uma calça justa em tempos de calças largas. Uma bota com cano curto, quando a tendência são as de canos longos é outra das minhas birras. Enfim. de birra em birra e de marra eu marra, vou fazendo meus próprios desafios. E mudando de gostos ao sabor do vento. A Clarice Lispector tem um texto incrível que se chama Mudança e que ao final diz ..."O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda!".


17 de ago. de 2013

Moral da História


Desde pequenos, ouvimos dezenas de histórias cujos desfechos nos mostram uma lição, um aprendizado ou alguns valores a serem aprendidos. Histórias com valores nos faz guardá-las, passá-las à frente, pensar sobre elas. Vamos vivendo e ouvindo muitas outras. Com algumas concordamos e com outras nem tanto. Hoje, fico pensando que é muito mais fácil absorver a moral da história da cigarra e da formiga do a moral de nossas próprias histórias. Vivemos muitas delas em nossas vidas,  cujos desfechos dariam um bom livro de "moral da história", porém  inúmeras vezes, nem sequer recorremos ao nosso próprio livro para verificar a lição aprendida. E de acerto em acerto e de erro em erro vamos escrevendo o livro da nossa história. A coisa se complica quando vivemos nossas histórias de amor. Esse é um livro complicado de escrever e muito mais difícil é concluir seus aprendizados. Eu não sei os meninos, mas as meninas tendem a procurar que a moral de suas histórias seja "E Viveram Felizes Para Sempre". Creio que não é bem por ai. É?Primeiro, vem o menino de sardas e aparelho nos dentes. Não é esse. Depois vem o intelectual. O com muitas espinhas no rosto. Mais tarde o amigo da família (que a gente não quer mesmo). O apaixonado desde os tempos de escola (que reaparece depois de anos). Aquele que a mamãe escolhe pra gente. O fardado. O de branco. O de brinco. O farrista. O Don Juan. Aquele que a mamãe nem pode ver na frente. O engenheiro (que a mamãe adora e recomenda) O esculachado. O arrumadinho.  O tatuado (esse a mamãe abomina) O recluso e ensimesmado (esse nos tira o chão).  Todos nos ajudam a escrever uma história. Umas longas, outras nem tantos. Umas que lembraremos para sempre e outras que nos deixa uma vaga lembrança. Mas, quando pensamos no aprendizado de cada história, a coisa fica confusa e não conseguimos achar uma moral para cada uma das histórias. Cada uma é única e especial. Deve ser porque, como diz a minha escritora favorita Martha Medeiros. E no amor é assim, não existe moral da história.E no amor é assim, não existe moral da história!

3 de ago. de 2013

Crônica de um amor anunciado (by Martha Medeiros)



"Toda pessoa apaixonada é um publicitário em potencial. Não anuncia cigarros, hidratantes ou máquinas de lavar, mas anuncia seu amor, como se vivê-lo em segredo diminuísse sua intensidade.

O hábito começa na escola. O caderno abarrotado de regras gramaticais, fórmulas matemáticas e lições de geografia, e lá, na última página, centenas de corações desenhados com caneta vermelha. Parece aula de ciências, mas é introdução à publicidade. Em breve se estará desenhando corações em árvores, escrevendo atrás da porta do banheiro e grafitando a parede do corredor: Suzana ama João.

A partir de uma certa idade, a veia publicitária vai tornando-se mais discreta. Já não anunciamos nossa paixão em muros e bancos de jardim. Dispensa-se a mídia de massa e parte-se para o telemarketing. Contamos por telefone mesmo, para um público selecionado, as últimas notícias da nossa vida afetiva. Mas alguns não resistem em seguir propagando com alarde o seu amor. Colocam anúncios de verdade no jornal, geralmente nos classificados: Kika, te amo. Beto, volta pra mim. Everaldo, não me deixe por essa loira de farmácia. Joana, foi bom pra você também?

O grau máximo de profissionalismo é atingido quando o apaixonado manda colocar sua mensagem num outdoor em frente a casa da pessoa amada. O recado é para ela, mas a cidade inteira fica sabendo que alguém está tentando recuperar seu amor. Em grau menor de assiduidade, há casos em que apaixonados mandam despejar de um helicóptero pétalas de rosas no endereço do namorado, ou gastam uma fortuna para que a fumaça de um avião desenhe as iniciais do casal no céu. A criatividade dos amantes é infinita.

O amor é uma coisa íntima, mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público. É a nossa vitória contra a solidão. Assim como as torcidas de futebol comemoram seus títulos com buzinaços, foguetório e cantorias, queremos também alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguém que faz nosso coração bater mais forte. É por isso que, mesmo não sendo adepta do estardalhaço, me consterno por aqueles que amam escondido, amam em silêncio, amam clandestinamente. Mesmo que funcione como fetiche, priva o prazer de ter um amor compartilhado."  Martha Medeiros