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2 de abr. de 2007

Pets

Diz o ditado que cada um tem o animalzinho de estimação que merece e isso deve ser uma grande verdade. Bolinha era uma galinha gorda, branca com tendências ao amarelo claro e mimada. Fazia parte do ambiente familiar como se fosse a caçula da casa. Tinha trânsito livre em todos os ambientes, inclusive em cima das camas. O mais engraçado de tudo isso era que, apesar do trânsito livre, nunca foi visto, sequer, um coco de galinha em cima das camas, coisa para mim inexplicável até os dias de hoje. Bolinha tinha uma personalidade encantadora e era ótima companheira. Passeava de carro com a família, ia a supermercados, quase que como para comprar seu próprio alimento. Não ia ao petshop porque à época o tratamente estético de galinhas era feito de maneira caseira. Por esse motivo, Bolinha era a galinha com os pés mais bem tratados do galinheiro. Falar que ela vivia no galinheiro seria ofensivo demais à Bolinha, caso ela pudesse nos ouvir. Ela realmente vivia no seio familiar. Semanalmente, Bolinha tinha seus pés lavados com sabonete e com uma escova de dentes, que até hoje não foi precisado a que membro da família pertencia. Porém, o procedimento era bem simples, a galinha era colocada na pia do banheiro, pegava-se a escova de dentes, esfregava-se no sabonete e fazia-se a assepsia dos pés de Bolinha até que eles ficassem completamente amarelinhos, sem um resquício de terra sequer. Após esse ritual, a galinha era colocada de novo no chão para que, com aquele andar estranho e balançar de cabeça, pudesse continuar a sua rotina diária. Hoje, quando penso que não fui ao enterro de Bolinha, fico me perguntando que fim deu a tão estimada galinha, que nos dias de hoje jamais se chamaria Bolinha e jamais seria comida de maneira tão inescrupulosa.

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