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7 de mai. de 2007
Uma avó de ontem
Eu quero uma avó com cara de avó. Quero uma avó velhinha, vivida, doída, sofrida e forte. Uma avó dominadora, resoluta, decidida, acolhedora, carinhosa, porém sem nunca perder a cara e o jeito de avó. Quero olhar para ela e ver em seu rosto as marcas da vida, das lutas, das vitórias e também das derrotas. Quero olhar seus cabelos branquinhos, suas rugas marcadas, seu vestido roliço, suas meias grossinhas, seus sapatos confortáveis e seu colo disponível. Quero uma avó que cozinhe em fogão a lenha, que tenha uma cozinha grandona e que saiba as melhores receitas que um neto pode provar. Não me venham com avós turbinadas, botoxadas, restilenadas, recapeadas e recauchutadas. Essas avós estão destinadas aos garotos de 30. Quero uma avó serena que tenha tempo de ler histórias para seus netos. Quero uma avó dedicada para se ficar de mãos dadas, enquanto se chora pelo primeiro namorado perdido. Quero uma avó durona, mas que chore com e pelos seus netos. Uma senhorinha distinta sempre pronta para salvar um neto de um pai ou uma mãe exigentes demais. Quero uma avó que tenha tempo para desembaraçar cabelos rebeldes e que saiba fazer tranças complicadas. Eu quero uma avó que não tenha medo de envelhecer, que veja em cada neto uma história de vida, que se envaideça com as suas conquistas e que nunca, nunca, se decepcione com as suas derrotas.
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