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6 de mai. de 2007
Sombra e água fresca
Eu gosto de sombra e água fresca, sim. Sempre gostei, sempre gostarei. E atire a primeira pedra no meu telhado, aquele que também não gosta. Quem foi o infeliz que disse que trabalho dignifica o homem? Não creio que o ser humano foi projetado e desenhado para trabalhar tanto e descansar tão pouco. Trabalhar não é coisa da natureza. Tudo o que é da natureza nos cai bem e nos dá prazer. Namorar, beijar, beber água, comer, transar, dormir são coisas que nos caem muito bem. Já trabalhar, estudar, fazer MBA, doutorado, pós-doutorado, especializações, não caem bem, não são coisas da natureza. Quando Deus criou o mundo, ele não disse "Crescei, multiplicai e fazei MBA". Ele disse somente "Crescei e multiplicai" e nesse comando ele estava nos dizendo que deveríamos transar, transar muito, afinal de contas havia um mundo inteiro para ser povoado. E se até Deus descansou no sétimo dia, por que nós pobre mortais não deveríamos descansar também. O cara que inventou as férias devia estar em estado de graça naquele dia. Existe algo melhor que férias? Existe algo melhor que 30 dias inteiros para se ficar de cabeça vazia e pernas para cima? Não é preciso levantar cedo, não é preciso engolir o almoço sem mastigar, ou engolir uma sanduiche na mesa de trabalho. Não é preciso, sequer, engolir um sapo. Não é preciso ir a reuniões que têm hora para começar e nunca para acabar. Não é preciso pegar engarrafamentos e nem chegar atrasado, aliás nem é preciso chegar em lugar nenhum. Não é preciso ouvir um monte de merda e pensar "eu realmente faço parte de tudo isso"? Não é preciso ler 400 emails por dia, não é preciso contemporizar, concordar, acordar, discutir, provar, comprovar, ajeitar, socorrer, ajudar, resolver, telefonar, agendar, reagendar, concorrer, provar, comprovar, reprovar. Ainda bem que no meio de tudo isso, afortunadamente, uma vezinha por ano, ainda se encontra alguma sombra e alguma água fresca.
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