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24 de set. de 2007

Eu te trouxe um presente...jura???


Se eu tivesse que dar alguma coisa para um homem, a última, mas a última mesmo, de um sem número de possibilidades, seria uma torta de palmito. De onde será que surge a idéia do presente? Será que a pessoa pensa: Acho que fulano se agradaria de uma torta fresquinha, feita em casa, com carinho. Será? Fico pensando na minha cara se um dia alguém aparecesse na minha frente me trazendo de presente, num gesto carinhoso, uma torta de palmito. Que cara faz o sujeito que recebe um presente desses? Será que, pelo menos, era no horário do lanche da tarde? Teria o presente sido acompanhado de uma bela garrafa de coca cola lemon, que é para mostrar a sofisticação da coisa toda? Ou a torta foi degustada com um recém preparado café de bule, preparado ali mesmo no cantinho da pia pela própria presenteante? Estaria o presente embrulhado em papel alúminio? Ou estaria o presente embrulhado em um pano de prato amarelinho claro, com inscrições em ponto cruz dizendo "Bom dia"? Como será que o presente em questão foi transportado ao local da degustação? Teria a torta ido no banco de tras do carro? Ou teria a torta sobrevivido aos malabarismos de um equilibrista dentro de um trem lotado do metrô? Será que a torta estava fatiada, para o conforto dos presenteados, ou será que foi necessário improvisar uma faca com a tesoura mais próxima? Será que o cheiro impregnou vários andares ou somente o andar em questão? O que será que fizeram com os restos? Teria o presenteado levado os restos para casa? E ao chegar em casa, teria o presenteado explicado o objetivo do presente? E qual teria sido o objetivo do presente? Nunca se sabe o que vai na cabeça e no coração de uma mulher apaixonada. Já estive apaixonada algumas vezes na vida, porém, que eu me lembre, ao querer impressionar um homem, jamais me ocorreu preparar para nenhum deles uma torta de palmito. Tempos modernos... muito modernos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Um dia eu ganhei um peru. Vivo. Enorme. Presente de um conhecido, cliente, que soube do meu aniversário e quis me agradar. Compulsório. Cheguei em casa e estava lá o peru. Não pude devolvê-lo no dia, não encontrei o generoso. Não pude deixar que dormisse no nosso gramado, os cães o matariam. O bicho era enorme e bravo. Com algum esforço consegui enfiá-lo no quarto de empregadas, que não usávamos. No dia seguinte achei o camarada presenteador: Ei, venha pegar o seu peru, agradeço, mas não posso aceitar. Não, não, de jeito nenhum. Olha, rapaz, você pode criar um problemão pra você mesmo, com esse peru... Rapaz, venha, eu nem tenho onde colocar, não tenho quem mate... Cara, vou lhe dizer: venha logo pegar esse peru! Puta que o pariu! E eu sei lá o que você vai fazer com ele? Meta-o no cu!

Anônimo disse...

Mulher apaixonada é capaz de presentear um homem com coisas muito mais inusitadas do que uma torta. Há de se questionar se o sujeito era louco por tortas, ou se era um ogro glutão que olha mais para guloseimas do que para ela, ou quem sabe um sujeito como eu, que, como quase todos os homens que moram sozinhos, nada tem na geladeira exceto água, clara de ovo e toucinho. Who knows?

Já vi mulher apaixonada pixar muro de rua para declarar seu amor; outra, de forma anônima, deixar uma flor do lado de fora da porta do distinto e outra simplesmente "peitar" o cara na bronca e dizer na lata que ama, enfim...

Uma torta de presente pode mesmo parecer estranho, mas nada mais complexo, incompreensível, admirável, apaixonante e deslumbrante do que a capacidade feminina de expressar seu amor e sua rendição a ele.

Bueno, eu adoraria uma torta, seja de palmito, de camarão ou uma holandesa, ou até mesmo uma mulher "torta". Para ser ainda mais franco, melhor mesmo é ter uma mulher apaixonada por você. Com ou sem torta.
Alê