Tem dias que você acorda com o saco mais cheio do que o usual. Não que usualmente o saco não esteja cheio, mas tem dias que o saco está estupidamente cheio. Hoje é o dia. Estou com o saco cheio do Renan Calheiros, do Roriz, de quem pediu renúncia, de quem não pediu, e de quem não vai pedir jamais. Estou com o saco cheio do caos aéreo, do Cindacta, dos pilotos, dos comissários, dos atendentes e dos teco-tecos. Estou com o saco cheio do trânsito, dos pedestres, dos ciclistas e dos cachorros. Estou com o saco cheio de motorista que dirige devagar e não sai da frente e de motorista apressado que quer que eu saia da frente. Estou com o saco cheio do conselho de ética, onde ninguém tem ética, dos controladores que não controlam porra nenhuma e dos que criam as leis, mas são os últimos a seguí-las. Estou de saco cheio com as CPIs, do apagão aéreo, dos correios, do Banestado, dos bingos, dos sanguessugas, do judiciário, do orçamento, do narcotráfico, da pirataria, do mensalão e das muitas outras que estão por vir. A continuar com essa enxurrada de CPIs, os brasileiros vão acabar odiando pizza. Estou de saco cheio com gente incompetente, com gente que se acha competente, com gente que finge que faz e com gente que mesmo que quissesse muito fazer, não conseguiria. Estou com o saco cheio de ler, ouvir e ver má notícia. Estou com o saco cheio de impunidade. Estou com o saco cheio de ser descabida e deslavadamente enganada por aqueles que deveriam estar trabalhando pelo meu e pelo seu bem estar. Estão acabando com a nossa capacidade de ser surpreendidos. Estão querendo acabar com a nossa capacidade de ter esperança. Estão querendo acabar com o nosso orgulho em ser brasileiro. Eu não esmoreço facilmente, mas tenho que confessar que, desta vez, eu estou ficando com o saco muito, mas muito cheio.
2 comentários:
Para viver nesse Brasil de hoje, realmente, haja saco! Eu, além de todos os motivos que vc listou, tenho mais um: estou de saco cheio de quem anda reclamando que está de saco cheio com essa porra toda mas não faz nada além de reclamar. Um dia eu vou sair do meu sítio, onde produzo clandestinamente, vendo sem nota, presto serviços sem contrato e etecétera, e portanto sobrevivo num conforto digno e suficiente (com a satisfação de estar tirando um pouquinho dos ladrões) e vou me armar: comprarei balas calibre 38 de um policial da civil, comprarei um revólver de um ex-cabo do exército, treinarei com um meliante das cercanias, comprarei um capuz de ninja e sairei pelo Brasil fazendo justiça aos "de saco cheio": matarei políticos! Primeiro vou para Brasilia. Lá, me casarei com Mary Corner e acompanharei o noticiário político. A cada manchete sobre corrupção, um político cairá sob meus pés com um tiro no meio da testa. No quarto caso alguém, talvez o Tuma, fará uma suposição: há algo em comum nessas mortes... O terror se instalará aos poucos entre os corruptos. Continuarei a matar. Muitos deles abandonarão a política com medo. Outros se penitenciarão ante os seus eleitores pela TV Senado, pedindo clemência ao algoz em quem me transformarei. Alguns, misteriosamente, desaparecerão. O povo, admirado, nem será capaz de compreender direito o que acontece. Como marido de Mary Corner terei desenvolvido contatos, aparecerei na mídia, terei condições de logo me tornar um candidato. Eleito, sem nenhum concorrente na corrupção, ficarei à vontade para roubar bilhões. Até encher o saco de tanto roubar dinheiro do povo e voltar ao meu sítio onde produzo clandestinamente, vendo sem notas, etecétera...
Gonzo,
Realmente precisamos de um super-heroi. Sei que os ninjas em geral andam sozinhos mas se vc quiser um comparsa, é só me chamar.
Abraços,
Ombudsman
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